O setor de consumo brasileiro vive um momento de transformação profunda, onde a dinâmica de preços, hábitos e canais redefine o papel das marcas e do varejo. Com projeções ambiciosas para 2025, entender essas mudanças é essencial para quem busca crescer e inovar.
Em 2025, o consumo das famílias deve atingir R$ 5,321 trilhões, marcando um recorde nominal de consumo após a fase mais aguda da pandemia. A inflação sob maior controle e a queda gradual dos juros trouxeram um fôlego extra ao orçamento doméstico.
No entanto, há uma desaceleração do ritmo de crescimento prevista para os próximos trimestres. A FGV alerta para o impacto de uma base comparativa elevada, endividamento ainda alto e a cautela crescente dos consumidores.
Surge o paradoxo de 2025: mais renda, mas menos unidades compradas. Entre janeiro e outubro, as vendas em volume recuaram 1,8% em relação ao ano anterior, apontando que o crescimento de faturamento vem muito mais de preço e mix do que de quantidade.
À medida que o consumidor redescobre sua relação com o lar, as escolhas de compra se tornam mais estratégicas. Segundo a Kantar, o consumo dentro do lar deve crescer moderados 2% em volume neste ano.
Outra tendência marcante é a de menos visitas, carrinhos maiores. Os consumidores planejam sua ida ao supermercado, optando por comprar em maior quantidade para otimizar tempo e deslocamento. Para manter o tíquete médio, as redes precisam investir em sortimento adequado e ofertas por volume.
O retrato social também ganha contornos de polarização. Parte da população migra para o consumo premium e experiencial, enquanto outra parcela adere às marcas próprias, atacarejo e promoções agressivas. Esse cenário reforça a disparidade no custo de vida e polarização do consumo em território nacional.
Na ponta da inovação, o setor de saúde e bem-estar desponta como oportunidade. A queda de patente dos medicamentos GLP-1 a partir de 2026 deve acelerar a demanda por produtos menos calóricos e mais funcionais, consolidando a busca intensa por vida mais saudável em prateleiras e cardápios.
O e-commerce brasileiro superou R$ 200 bilhões em 2023 e segue em expansão. No segmento alimentar, as vendas online crescem quase quatro vezes mais rápido que o canal físico, transformando o digital na vitrine de preços para grande parte dos compradores.
Mas a jornada digital vai além da pesquisa. Plataformas como Shopee e Mercado Livre impulsionam o conceito de live commerce e comunidades de marca, onde influenciadores moldam percepções de valor e estreitam o laço com o público.
Para competir, redes de varejo devem implementar uma integração fluida entre físico e digital. Modelos de retiro na loja, ship-from-store e logística flexível tornaram-se imperativos para acomodar a dissolução das fronteiras entre canais.
As preferências de consumo variam conforme a faixa etária, influenciando diretamente quais marcas ganham relevância em cada público. A pesquisa Brand Asset Index mapeou padrões claros:
Além disso, o propósito e a sustentabilidade assumem papel central na decisão de compra. Marcas que demonstram compromisso ambiental e social, como Natura e Ypê, ganham espaço e fidelidade junto aos consumidores mais críticos.
As marcas que se destacam em 2025 compartilham características em comum: forte presença digital, posicionamento claro de valor e capacidade de engajamento. Métricas como Brand Asset Index e Folha Top of Mind revelam vencedores consistentes.
No universo digital, Mercado Livre e Shopee crescem em lembrança e influência, enquanto Nubank mantém liderança entre serviços financeiros inovadores. No varejo físico, Cacau Show surpreende pela onipresença, e Natura consolida seu legado sustentável.
Essas empresas investem em dados para personalizar a jornada do cliente, ampliam ofertas de produtos funcionais e fortalecem comunidades online. O resultado é um ciclo virtuoso de atração, retenção e recomendação espontânea.
Para compreender essas conquistas, considere as principais métricas utilizadas:
Marcas vencedoras equilibram inovação, propósito e eficiência operacional, criando seleção natural de marcas em um mercado cada vez mais competitivo.
Como conclusão, o setor de consumo no Brasil exige olhar atento às tendências de comportamento, tecnologia e valores. Marcas que se adaptarem com agilidade, investirem em experiência omnicanal e abraçarem causas sociais terão maior potencial de crescimento e relevância.
O futuro reserva novos desafios e oportunidades. Com base nessa mudança profunda de hábitos, o próximo ciclo de consumo será liderado por empresas que colocam o consumidor no centro e mantêm sua proposta de valor sempre atualizada.
Referências