O mercado de crédito vive uma revolução profunda, impulsionada pela digitalização e pela adoção de novas tecnologias. Fintechs ganham espaço e mudam as regras do jogo, enquanto reguladores, empresas e consumidores se adaptam a um cenário repleto de oportunidades e desafios.
Nos últimos anos, o segmento de crédito no Brasil e na América Latina passou por transformações históricas. Em 2024, o volume concedido por fintechs alcançou R$ 35,5 bilhões em 2024, um crescimento de 68% em relação a 2023. Esses resultados foram impulsionados tanto pelo aumento da base de clientes quanto pela diversificação dos produtos oferecidos.
Este estágio de maturidade do ecossistema financeiro reflete um movimento global de “reimaginar as finanças”, com ênfase em competitividade e equidade.
A Inteligência Artificial (IA) e o Machine Learning permitem concessão de crédito mais rápida e decisões muito mais assertivas. Plataformas automatizadas coletam documentos, validam dados em tempo real e calculam scores internos com base em variáveis socioeconômicas.
O uso de big data expande a análise de risco: transações bancárias, comportamento de consumo e até dados ambientais entram no cálculo, criando linhas de crédito atreladas a critérios ESG e sustentabilidade. Isso favorece empresas e pessoas comprometidas com boas práticas socioambientais.
Chatbots e assistentes virtuais já transformaram o atendimento, oferecendo suporte 24/7 e orientações personalizadas. No crédito, esses recursos se traduzem em assistentes virtuais sofisticados, capazes de sugerir produtos, simular cenários e educar financeiramente o cliente.
A IA generativa também chega à cobrança, definindo o melhor canal, o tom e o momento de contato. As negociações se tornam mais humanizadas, com planos de pagamento flexíveis e automatizados, aumentando a taxa de recuperação de forma eficiente.
O Open Finance estabeleceu a base para um sistema financeiro aberto, inteligente e inclusivo. Com ele, o consumidor centraliza sua vida financeira e compartilha dados com diversos provedores, facilitando comparações e contratações de crédito.
As próximas fases pretendem integrar IA generativa e análise preditiva, criando ofertas hiperpersonalizadas. A partir de padrões transacionais e comportamentais, é possível entregar a linha de crédito certa no momento exato, com preços adequados ao perfil de cada usuário.
O Drex, CBDC brasileira baseada em DLT e contratos inteligentes, promete simplificar a concessão de crédito com garantias digitais seguras e liquidação imediata. A visão de um superapp de ativos permitirá que cidadãos exibam imóveis, veículos e investimentos em um só lugar.
No âmbito global, as CBDCs devem automatizar obrigações por meio de smart contracts, reduzindo intermediários e acelerando transações. A tokenização de ativos, por sua vez, traz segurança e transparência em blockchain, tanto na oferta de crédito garantido quanto na recuperação de operações inadimplentes.
Novas formas de prover serviços financeiros ganham destaque. O Credit as a Service (CaaS) e o Bank as a Service (BaaS) permitem que empresas de diversos setores integrem soluções de crédito em suas plataformas, criando experiências fluídas e customizadas.
Esses modelos favorecem a escalabilidade e a rapidez na entrega de produtos, reduzindo custos de desenvolvimento e ampliando o alcance das operações.
Apesar das oportunidades, o cenário traz desafios regulatórios e de segurança de dados. A LGPD e normas de Open Finance impõem exigências de governança e privacidade que exigem investimentos constantes em compliance.
O consumidor, por sua vez, demonstra maior exigência por transparência e proteção. A jornada de crédito deixou de ser um evento isolado, tornando-se um relacionamento contínuo, pautado em educação financeira, respeito ao perfil e diálogo aberto.
Para navegar neste futuro promissor, instituições e clientes devem abraçar a inovação com responsabilidade. Quem estiver preparado para as mudanças, apoiado em tecnologia de ponta e estratégias centradas no usuário, terá vantagem competitiva e contribuirá para um sistema financeiro mais justo e dinâmico.
Referências