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Mercado de Carbono: Oportunidades em um Futuro Mais Verde

Mercado de Carbono: Oportunidades em um Futuro Mais Verde

17/12/2025 - 02:11
Fabio Henrique
Mercado de Carbono: Oportunidades em um Futuro Mais Verde

O mercado de carbono no Brasil vive um momento decisivo, impulsionado por marcos regulatórios e pela urgência climática global.

Contexto Global e o Papel do Brasil

O Acordo de Paris e as metas de redução do net-zero até 2050 têm colocado o Brasil em destaque. Com a aprovação da Lei 15.042/2024, foi criado o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE), definindo obrigações e oportunidades para emissores e projetos de baixo carbono.

Entre as metas nacionais, destaca-se a proposta de reduzir emissões em até 67% até 2035 (base 2005), alinhada a 16 planos setoriais de adaptação e 7 de mitigação. A COP30, sediada em Belém no final de 2025, será crucial para definir interoperabilidade e avanços em mercados voluntários e regulados.

Estrutura Regulatória e o SBCE

O SBCE inicia em 2026 a fase de monitoramento obrigatório, com limites de emissões a partir de 2029. A lei permite o uso de créditos nacionais para cumprimento regulatório, além de articular com o Artigo 6 do Acordo de Paris e os Mercados Voluntários de Carbono (MVC).

Essas diretrizes criam um ambiente de segurança regulatória e estabelecem requisitos quantitativos e qualitativos para a aceitação dos créditos. O mercado nacional deve absorver tanto projetos de grande escala quanto iniciativas comunitárias.

Dados do Mercado Atual

Até outubro de 2025, o Brasil contabilizou:

A demanda projetada pelo SBCE salta de 13,5 milhões de tCO₂e em 2024 para 85 milhões em 2030, um crescimento de +530% no cenário de 20% de créditos aceitos (CRVEs).

Benefícios Econômicos e Sociais

Segundo estudo do Banco Mundial e do projeto Partnership for Market Readiness, um mercado regulado pode elevar o PIB brasileiro em até 2,25% até 2030. A previsão inclui geração de empregos, redução da pobreza e atração de investimentos verdes.

  • Geração de empregos verdes em regiões afastadas;
  • Financiamento de REDD+, reforestação e práticas agrícolas restauradoras;
  • Incentivos para empresas com grandes emissões.

O acordo MIDR com o Banco do Brasil, de junho de 2025, direciona fundos regionais para projetos subsidiados no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, priorizando comunidades locais.

Desafios e Riscos a Superar

Apesar do progresso, há riscos relevantes. Mais da metade dos créditos amazônicos sofre contaminação por mineração ilegal, minando a confiança de marcas globais como iFood e Google.

Além disso, a oferta restrita de projetos de alta integridade e a necessidade de transparência completa em contabilidade exigem padronização de metodologias e auditorias independentes.

Perspectivas para 2030 e Além

Com a COP30, espera-se:

  • Harmonização dos sistemas SBCE, voluntário e Artigo 6;
  • Adoção de padrões de alta qualidade, como o Core Carbon Principles;
  • Expansão da bioeconomia e consolidação do Brasil como hub verde regional.

No longo prazo, a convergência contábil e a segurança jurídica reforçada devem atrair mais investidores internacionais, acelerando projetos de energia renovável, agricultura sustentável e gestão de resíduos.

Casos de Sucesso e Recomendações

O relatório ICC Brasil e WayCarbon, patrocinado por grandes empresas, destaca parcerias público-privadas e a importância de envolver comunidades locais. Projetos de biodigestores e restauração de pastagens têm mostrado resultados econômicos e ambientais positivos.

  • Estabelecer convênios com bancos de desenvolvimento para financiar iniciativas comunitárias;
  • Adotar sistemas de monitoramento digital para validar reduções em tempo real;
  • Promover treinamentos em áreas rurais para gestão de projetos de carbono.

Para atores do setor, recomenda-se mapear oportunidades em cada etapa do ciclo de crédito, desde a concepção até a certificação e comercialização.

O Brasil possui potencial único de oferta e demanda, capaz de conduzir uma transição justa e inclusiva. A combinação de políticas robustas, forte bioeconomia e engajamento comunitário pode transformar o mercado de carbono em um motor de desenvolvimento sustentável.

À medida que o mundo busca soluções para mitigar as mudanças climáticas, o País tem chance de ser referência em integridade e transparência, unindo crescimento econômico e preservação ambiental.

Em um futuro mais verde, cada crédito gerado e cada iniciativa implementada refletirão não apenas reduções de emissões, mas o fortalecimento de comunidades e o legado de um Brasil comprometido com o planeta.

Referências

Fabio Henrique

Sobre o Autor: Fabio Henrique

Fabio Henrique é redator financeiro no poupemais.org. Ele se dedica a simplificar temas como orçamento, uso consciente do crédito e planejamento financeiro, oferecendo informações claras para apoiar decisões financeiras mais seguras.