No contexto económico atual de Portugal, o acesso ao crédito tornou-se um fator determinante para o sucesso das Pequenas e Médias Empresas. Com dados recentes a evidenciar um crescimento anual sólido no stock de empréstimos às empresas, entender como aproveitar esta oportunidade é essencial para quem deseja expandir operações, lançar novos produtos ou otimizar a tesouraria.
Em maio de 2025, o stock de crédito bancário às empresas atingiu 73,1 mil milhões de euros, o que representa uma subida de 2,7% face a 2024 – o maior crescimento anual desde 2022. Nos meses seguintes, o ritmo acelerou para 4,2% em setembro e 4,3% em outubro de 2025, confirmando a tendência de retoma após um período de desalavancagem iniciado após o pico de 126,6% do PIB em 2012.
Apesar da melhoria, o montante total de crédito permanece 44,9 mil milhões de euros abaixo do máximo de novembro de 2010. A redução do peso dos financiamentos no total do ativo das empresas para 26,8% em 1T25 reflete uma estratégia de diversificação de capital e redução da dependência bancária.
O impulso mais forte vem das microempresas, cujo crédito cresceu 11,3% em maio de 2025, contribuindo decisivamente para o recorde de stock desde 2022. As pequenas empresas também avançam, com +1,6% no mesmo período, enquanto as médias enfrentam desafios e registam queda de 2,8%.
Já as grandes empresas apresentam um crescimento modesto de 0,4%. A análise de novos empréstimos confirma que montantes inferiores a 1 milhão de euros – tipicamente associados às PMEs – têm evoluído a um ritmo ligeiramente superior aos empréstimos acima desse valor.
Em maio de 2025, alguns setores evidenciaram aceleração notável na procura de financiamento. O comércio, transportes e alojamento passaram de 0,3% para 1,8% de crescimento anual, com particular destaque para alojamento e restauração (+2,5%) e comércio (+2,3%). A construção e as atividades imobiliárias seguem fortes, subindo de 5,3% para 6,3%, enquanto a indústria e eletricidade mostram queda reduzida de -0,7% para -0,1%.
As taxas de juro para novos empréstimos às empresas sofreram um aumento acentuado desde julho de 2022, alcançando 5,82% em agosto de 2024. Para montantes até 1 milhão de euros, as taxas em Portugal alinham-se com a média da Zona Euro, mantendo uma diferença estável entre empréstimos pequenos e grandes.
No entanto, o ambiente restritivo internacional torna o cenário desafiador. O relatório da OCDE aponta para elevadas taxas de juro e incerteza, prejudicando novas operações de crédito, factoring e locação financeira. As PMEs sentem ainda maior pressão, com custos financeiros a impactar o resultado operacional.
As PMEs portuguesas contaram, no 1T25, com nível de capitalização superior ao das grandes empresas, refletindo maior resiliência. Desde 2012, observa-se uma diminuição gradual do peso da dívida no passivo e um crescimento da componente “outros” – capitais próprios e financiamentos alternativos.
Esta tendência de redução da dependência de empréstimos bancários é suportada por dados da Central de Balanços. Contudo, o rácio de cobertura de encargos financeiros das PMEs tem ficado abaixo do das grandes empresas desde 1T23, sinalizando maior vulnerabilidade aos custos de juro.
Apesar de melhores condições de crédito, apenas 8% das PMEs nacionais apresentam finanças consideradas saudáveis. A combinação de baixa produtividade, capital próprio reduzido e sensibilidade a choques económicos limita a capacidade de investimento e crescimento sustentado.
Curiosamente, o BCE identifica uma situação relativamente favorável de acesso ao crédito, enquanto o índice ESAF do Fundo Europeu de Investimento revela desafios estruturais persistentes. Este contraste exige que cada gestor avalie com rigor as opções de financiamento antes de tomar decisões estratégicas.
Para maximizar as hipóteses de aprovação e negociar condições vantajosas, as PMEs devem:
O crédito bancário em Portugal apresenta hoje oportunidades únicas de crescimento para as PMEs, impulsionado pelo dinamismo das micro e pequenas empresas e pelos setores de comércio, turismo e construção. Contudo, a elevada taxa de juro e a competição por recursos exigem preparação cuidadosa e diversificação das fontes de financiamento.
Ao aliar um bom diagnóstico da saúde financeira, um plano estratégico estruturado e a exploração de mecanismos alternativos, cada PME poderá não só aceder ao crédito mais adequado, mas também transforma-lo num vetor de inovação e expansão sustentável.
Referências